A conquista da Paraíba

das escalas das naus da carreira das Índias, dirigidas mais para o sul, onde podiam contar com eventual auxílio de primeiros povoadores lusos.

Não dispomos de informações precisas sobre esses elementos, que tão desmedida importância tiveram nos primórdios brasileiros. Podemos apenas verificar a sua presença em vários pontos do litoral, ainda nas brumas da proto-história da América, assim como a espantosa mobilidade que demonstraram. Ao subir D. João III ao trono havia, espalhados pelos principais ancoradouros da imensa faixa litorânea de Pernambuco a Santa Catarina, série de Robinsons Crusoé, de misteriosa origem, não sabemos se náufragos, desertores, tripulantes desembarcados à força como castigo de insubordinação, ou simples aventureiros, comuns no século XVI sob o signo de descobertas geográficas, alanceado o homem europeu recém-saído da ganga medieval por intensa curiosidade acerca de novas terras e gentes. Esses estranhos personagens informaram a Solis, Fernão de Magalhães, Sebastião Caboto, Diogo Garcia, os irmãos Sousa e outros, estarem há muitos anos na costa. Alguns chegavam a afirmar que aí se encontravam antes de Cabral aparecer no Brasil. Mostravam ainda impressionante familiaridade com setores distantes do ponto onde habitavam, em que também havia portugueses e outros europeus, indício de haver entre eles correspondência mantida por naus de passagem. Talvez eles mesmo emigrassem de um ponto para outro, alguns antigos feitores das tranqueiras de Fernão de Loronha, sucessivamente demorados em Pernambuco, Bahia, Cabo Frio ou Rio de Janeiro, êmulos de semelhantes a girar mais ao sul em São Vicente, Cananeia e Campos de Piratininga, os quais entraram em contato com os náufragos de Solis e D. Rodrigo de Acurva em Santa Catarina, Porto dos Patos e Rio da Prata.

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