A conquista da Paraíba

Não valeram a piratas, corsários e invasores a audácia pessoal, a cumplicidade do silvícola, as cartas de marca, os grandes capitães, as fortes esquadras, os auxílios de governos, a organização das companhias de conquista.

Com alternações de êxitos transitórios, naufragaram em terra e no mar os normandos de Angô, os sermonistas de Villegaignon, os fidalgos rendidos de La Ravardière, os padres espanhóis das reduções e os mercadores da Companhia das Índias.

Ao estrangeiro, ávido de pau de tinta, símios, papagaios e índios (Villegaignon levou meio cento deles para presentear amigos e parentes), e que da pilhagem de açúcares e algodões, em caixas e fardos, pretendeu apossar-se dos engenhos e plantações; ao estrangeiro faltaram os dois motivos originais inspiradores da resoluta determinação dos portugueses: a fé e a propriedade.

O sentido do império colonial luso aflorou nas imaginações de Sagres. Não recebera o Infante, em 1454, do Chefe da Igreja, Nicolau V, a missão de "divulgar nas regiões remotas o nome de Deus... submetendo os pagãos dos países ainda não infectados pela peste maometana?"

Quando em Calicut indagaram dos portugueses, "poucos quanto fortes", que queriam, responderam na voz de Camões:

"Vimos buscar do Indo a grão corrente por onde a lei divina se acrescente".

Embora falhasse, como testemunham Nóbrega e Anchieta em suas cartas, e Vieira no apólogo das estátuas, a conversão do gentio foi o primeiro motor da colonização. Não dispusesse a Coroa desse prodigioso auxílio, a fé, sequer esboçaria a conquista da imensidade

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