Jorge Tibiriçá e sua época (1855-1928) T1

Aí estavam, com franqueza e amplo conhecimento de causa, as linhas esquemáticas da valorização do café, contra a qual, dentro e fora do país, se haviam levantado furiosas oposições e verdadeiras conjuras da política e do financismo internacional. O homem público que aceitara travar uma batalha desse porte fora, por vários anos, submetido a uma série de ameaças e a uma interminável catadupa de maus presságios. Era necessário possuir um ânimo de rara têmpera para aguentar, sem vacilações, os projéteis do ódio, da calúnia, do despeito e deixar resvalar sobre uma couraça de paciência e de impassibilidade os golpes desferidos até por antigos amigos obnubilados pela paixão política.

Como vimos, Tibiriçá declarou na entrevista concedida aos jornalistas franceses que jamais se importara com os ataques dos adversários da valorização. Mas, na verdade, esses ataques, tantas vezes injustos e furibundos, lhe haviam causado muita mágoa e muitas desilusões. Ao findar o seu governo em 1908, o corajoso paladino da defesa cafeeira recomendou instantemente aos filhos que nunca fizessem política. E justificava esse pedido, asseverando que "aqueles quatro anos de governo e a questão da valorização lhe haviam custado mais de dez anos de vida".

Tal era o balanço dos esforços despendidos em prol de uma cruzada para salvar a máxima riqueza paulista. E, diante daquela confissão feita aos filhos, talvez se compreendam melhor hoje as palavras proferidas em junho de 1952 pelo sr. Getúlio Vargas, ao lançar em Minas Gerais a pedra fundamental de uma usina siderúrgica:

"Quando, pela primeira vez, assumi o governo, já trazia no pensamento o desejo de incentivar a criação da grande indústria siderúrgica no país. A 23 de fevereiro

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