à cata de antepassados, procuram descobrir para a antiga gente da terra ascendências nobres que se perdem na noite dos tempos. Cuidam de subir à Casa d'Avis, aos capetianos, aos merovíngios e talvez aos rebentos bíblicos. São fantasias perfeitamente inúteis. Basta tomar por ponto de partida os primeiros povoamentos da Terra de Santa Cruz para firmar brasões que valem mais do que todas as heráldicas, pois nos primórdios da colonização brasileira apontam-se elementos lusitanos ou a serviço de Portugal, em que se deparam qualidades de energia e virtude que honrariam qualquer raça. Não necessitam eles de glórias imaginárias, de ficções e de narrativas exageradas para merecer a consagração que a história lhes tributa com toda a justiça. Basta notar que os portugueses, quando ainda senhores do Brasil, inúmeras vezes mencionaram, seja pela palavra de altos funcionários da coroa, seja pelas referências de observadores e viajantes, as qualidades excepcionais dos paulistas, o destemor e a inteireza dos habitantes da Capitania que o capitão-geral Bernardo José de Lorena, ao mandar determinar exatamente a latitude da cidade de São Paulo, citava como "a mais antiga e por isso a mais respeitável de toda a América portuguesa". Além da circunstância de antiguidade que a tornava célula mater do Brasil, dita Capitania fora povoada por elementos de escol da metrópole, entre os quais se reviam os predicados de vigor físico e moral de que deram tantas provas os portugueses no decurso de sua epopeia de descobrimento e colonização. Acresce que o condicionalismo topográfico da terra bandeirante gerou características que podemos considerar como únicas em todo o continente americano. A direção da Serra do Mar, separada do litoral por estreita faixa de solo, dificultou imensamente o acesso ao planalto e ao mesmo