tempo constituiu obstáculo ao ritmo normal do intercâmbio e das comunicações com o resto do mundo. É um fenômeno que já distingue, de maneira destacada, as particularidades de formação e crescimento de São Paulo, imprimindo-lhes peculiaridades bem acentuadas e profundamente originais. Em lugar de se fixarem na faixa costeira, os paulistas executaram uma obra de penetração e pioneirismo que figura, sem dúvida, entre as mais arrojadas que se conhecem na história.
Entretanto, e sem nenhuma pretensão de consignar novidades, é curioso assinalar que, dentre as terras pertencentes à coroa portuguesa, São Paulo, apesar das famigeradas incursões sertanistas, permaneceu até a independência e mesmo até o primeiro terço do século passado, uma das zonas mais pobres do Brasil. É fácil comprovar a inexistência de edifícios coloniais dignos de registro, dado que os habitantes, levados pelo espírito de aventura, se tornaram os principais construtores da riqueza material de Minas Gerais, enquanto a sua terra guardou a fisionomia de um acampamento paupérrimo, onde vilas e povoações mal passavam de simples marcos geográficos. Donde é lícito concluir que o bandeirismo com todo o seu cortejo lendário de bravura e barbárie, em busca do ouro e índios, resultou para a gente do planalto num fator de debilitação e empobrecimento. O ouro deixou atrás de si lavras que consistiam em montes de cascalho e terras abandonadas, atestando somente que reservas descomunais de energia serviram primacialmente para enriquecer Portugal e beneficiar terras vizinhas. Explica-se então como, por mais de um século, a terra paulista ficou, a bem dizer, reduzida a pequenos núcleos sem valor econômico e de simples subsistência.