todas as questões. "Causa horror" — frisava Aristides Lobo — "verificar até onde baixa o nível moral da política que muitos estão fazendo".
A iracúndia dos republicanos governistas aumentara bastante com a notícia de que em Santa Catarina o governo do Tenente Machado, positivista e católico, aderira à rebelião rio-grandense. Expandia-se o movimento e crescia o temor de que ele tomasse um rumo de restauração monárquica, tema constantemente explorado para atiçar os zelos da massa e preservar a chama sagrada do republicanismo.
Na realidade, a luta no sul não parecia constituir perigo de molde a abalar o regime. As informações veiculadas na imprensa, sobretudo na da Capital, nada indicavam que permitisse ultrapassar o âmbito de um choque de facções locais, por mais veementes que fossem. A opinião não se alarmava com as peripécias de uma revolta de fronteira, revolta longínqua, cujos feitos, muito imprecisamente narrados, se interpretavam ao sabor das simpatias, dos jornais. Não se divisava ainda perigo vital para o país e para as instituições, o que mudará com o levante da Marinha, que virá tocar o país no seu centro político e psicológico.
Reinou quase sempre muito desconhecimento acerca das operações militares no sul, que pareciam desenvolver-se ao acaso, sem plano nem método, segundo os movimentos dispersos das colunas invasoras. Diziam que certos contingentes federalistas tinham arvorado bandeiras monárquicas, mas era tão somente um ardil para alertar a opinião.