um ato de surpresa e emoção à rotina banal desses combates. O ilustre almirante, a quem o citado autor alemão se refere como "fidalgo de raça", voltou contra o governo os canhões da Ilha das Cobras e acrescentou à esquadra rebelde o cruzador "Tamandaré" e mais alguns vapores auxiliares. Aquele cruzador, construído nos estaleiros da ilha, mas de deficientes qualidades náuticas, saiu de sua toca com uma lerdeza de tartaruga, mal desenvolvendo a velocidade de seis milhas, e foi postar-se ao lado do "Aquidabã" para fazer fogo contra Santa Cruz.
O "Aquidabã", o "República" e o "Javari" eram os vasos de guerra de melhor porte, apesar de nem toda a sua artilharia funcionar e de parte das máquinas se encontrar avariada. Os outros navios não possuíam valor combativo, de modo que a precariedade do material e as incertezas e vacilações do comando, mal articulado com o movimento federalista do sul, foram gastando o entusiasmo inicial da revolta e transformando o espírito de ação numa enervante "tensão de vigília". Fracassadas as tentativas para tomar pé no Estado do Rio e convertido em sangrento malogro o ensaio de captura da ponte da Armação em Niterói, a esquadra insurgente, exausta e reduzida a tripulações enfermas e sem recursos sanitários, viu-se forçada, para não cair nas mãos de uma legalidade sequiosa de vingança, a recorrer ao asilo da corveta portuguesa "Mindelo", comandada pelo digno Capitão Augusto de Castilho. Sem a hospitalidade concedida pelo ilustre oficial português centenas de brasileiros teriam sido trucidados para satisfazer a sanha de vencedores, instigados por foliculários histéricos.
Os restos desses contingentes da maruja revoltados desembarcaram em Montevidéu e foram juntar-se aos últimos núcleos federalistas.