Jorge Tibiriçá e sua época (1855-1928) T2

a especulação em vez de organizar de forma moralizadora as atividades produtivas.

Muitos erros cometeu Floriano, mas uma virtude essencial lhe garantiu o respeito dos bons republicanos. Era ele fundamentalmente honesto e incapaz de permitir que à sombra do governo se tramassem negócios escusos. No decurso de longos meses de luta não pôde evidentemente proibir jogatinas perniciosas de bolsa e de câmbio nem evitar que muitos fornecedores de mantimentos e munições carregassem nos preços, dada a urgência de certas encomendas para atender à defesa da legalidade. Eram abusos inevitáveis que o governo se viu coagido a sofrer devido às contingências internacionais e aos azares da luta interna. Na esfera do poder federal, porém, não consta que se hajam praticado traficâncias ou atos condenáveis de advocacia administrativa. Uma revolução custa muito caro e a de 1893-4 sangrou abundantemente o erário nacional. Sangria proveniente das exigências para sustentar a luta, pagar os soldos das tropas e comprar armamentos no estrangeiro. Não se apontam, entretanto, nas despesas do Tesouro, fatos que desabonem a conduta dos auxiliares do governo e permitam lançar sobre os homens públicos da época a pecha de venais ou corrompidos. Floriano contou com a adesão de muitos espíritos impulsivos que sonhavam em ditadura. Esses, na hora da vitória mostraram-se impiedosos e cheios de rancores. Pregavam vinditas implacáveis e cometeram crimes nefandos. Não foram, porém, tais exaltados os maiores esteios da legalidade. Os adeptos mais eficientes de Floriano e da lei foram os cidadãos que, como Jorge Tibiriçá, cerraram fileiras em torno do vice-presidente, certos de amparar um militar de ânimo forte e sobretudo de uma probidade inatacável. Essa

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