Notas biográficas
DOM PEDRO DE ALMEIDA PORTUGAL, terceiro Conde de Assumar, e, sucessivamente, Marquês de Castelo Novo e de Alorna, nasceu em Lisboa, a 29 de setembro de 1688. Serviu durante toda a Guerra Espanhola de Sucessão, distinguindo-se, em particular, nas batalhas de Saragoça e Vila Viçosa, em 1710. Quando, em janeiro de 1713, terminou o conflito, comandou as tropas portuguesas que retornavam por terra, através de região do interior, hostil e devastada. Como governador da vasta capitania de São Paulo e Minas Gerais, de 1717 a 1721, seu nome ficou indelevelmente ligado ao Brasil, pela repressão da revolta de Vila Rica, tal como está descrito no texto. Quando visitei o Morro da Queimada, em março de 1959, encontrei um faisqueiro, que sacudia a cabeça recordando os delitos do Conde-Governador.
Depois de seu regresso a Portugal, o Conde de Assumar ocupou - em sinecura - vários comandos militares, e foi eleito membro da Real Academia de História, em 1733. Recebera instrução excepcionalmente boa, para sua época e seu país, sendo letrado em Latim, Francês, Italiano e Espanhol, e genuinamente interessado em estudos matemáticos, filosóficos e históricos. Um seu contemporâneo francês descreve-o como sendo um dos quatro fidalgos melhor educados de Portugal, os outros três sendo o quarto e quinto Condes de Ericeira (pai e filho) e o Marquês de Alegrete. Tinha consciência de sua educação superior, pois escreveu de Minas Gerais (abril, 26, 1718) ao quarto Conde de Ericeira: "Tenha Vossa Excelência compaixão de hum homem que vive entre cafres, mandandolhe alguns dos papeis dos que se fizeram na Academia, quero dizer dos de Vossa Excelencia ou de Manuel Pimentel; porque os demais como a necessidade obrigou a Vossa Excelencia a meter tanta fraderia, suponho que ha de ser carne de vacca".
Dom Pedro de Almeida colocava-se, assim, entre os estrangeirados, ou fidalgos fortemente influenciados por ideias estrangeiras, e era, por isso, visto por Dom João V com sentimento mesclado de respeito e antipatia. "Ericeira e Assumar também não são de meo gosto" - escrevia o Rei ao seu amigo íntimo, Cardeal da Mota, quando discutia as possibilidades de vários fidalgos para a embaixada acéfala de Madri, em 1739. A razão da antipatia de Dom João V por aqueles dois homens não se mostra inteiramente clara, mas o anticlericalismo real ou suspeitado deles pode ter tido algo a ver com isso. Ambos foram "para cima aos pontapés" ao serem nomeados vice-reis