A Idade de Ouro do Brasil; dores de crescimento de uma sociedade colonial

I.

Império do Atlântico Sul


"INFERNO DOS NEGROS, Purgatório dos Brancos e Paraíso dos Mulatos" - tal era a expressão popular com que os portugueses caracterizavam o Brasil, na segunda metade do século XVII(1) Nota do Autor. É provável que essa observação sarcástica tenha sido feita pelo espírito anônimo que a lançou, tanto por gracejo como a sério, mas contém um elemento básico de verdade. O trabalho escravo, negro, produzia o açúcar e o fumo que então formavam a base da economia brasileira. A escravidão, fosse doméstica, fosse nos campos ou nas minas, influía na vida do Brasil colonial - mais profunda e amplamente do que qualquer outro fator por si só. Senhores de engenho e sacerdotes, oficiais e funcionários, numa palavra, todas as categorias de homens educados eram concordes em que, sem um suprimento seguro de trabalho escravo, vindo da África Negra, a América Portuguesa não era viável. Nosso exame do Império Lusitano do Atlântico Sul, na época, 1683, em que Dom Pedro II assumiu a coroa de Portugal pode, portanto, iniciar-se melhor considerando a interdependência do Brasil e dos mercados de escravos da África Ocidental.

Conforme um morador português escreveu, mais ou menos em 1730, do Maranhão: "A gente que se mandou das ilhas para a povoação deste Estado, ainda que fosse de emprego de cultivar as terras, e fosse a bastante, seria naquelas partes inhabil, porque nenhuma branca se emprega nestes trabalhos, pois ordena somente

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