A Idade de Ouro do Brasil; dores de crescimento de uma sociedade colonial

pela poderosa e agressiva Companhia Holandesa da Índia Ocidental(8) Nota do Autor.

Os senhores de escravos do Brasil não se mostravam unânimes na apreciação da superioridade dos escravos sudaneses, vindos da Guiné ou dos bantos, vindos de Angola, e os usos, quanto aos escravos, assim como quanto a outras mercadorias, não eram sempre os mesmos. Em linhas gerais, os escravos de origem sudanesa tendiam a mostrar-se mais inteligentes, mais robustos e mais rijos no trabalho - quando de fato trabalhavam - porém eram, igualmente, mais rebeldes e menos dispostos a se conformarem com sua sorte mesquinha. Os bantos, por outro lado, apresentavam-se mais animados, adaptáveis e loquazes, embora não fossem tão fortes nem tão resistentes a doenças. Teremos ocasião de tratar deste assunto mais para diante. Entretanto, por motivos de ordem econômica, e outros, os escravos bantos, vindos de Angola e Benguela, ainda predominavam no Brasil ao fim do século XVII. O famoso jesuíta, Padre Antônio Vieira, em sermão pregado na Bahia em 1695, falava, retórica, mas exatamente, do "Reyno de Angola, na opposta Ethiopia, de cujo triste sangue, negras e felices almas se nutre, anima, sustenta, serve e conserva o Brasil(9) Nota do Autor.

Os escravos obtidos na Guiné, pelos portugueses, ou por outros traficantes brancos, eram comprados aos chefes locais ou aos seus agentes das bases costeiras comerciais europeias, algumas das quais eram fortificadas. Sistema diferente prevalecia em Angola, onde, além dos escravos obtidos pelas colunas punitivas portuguesas que operavam, frequentemente, contra as tribos indomáveis ou rebeladas do interior, agentes itinerantes, negros ou mulatos, conhecidos como pumbeiros, compravam escravos aos chefes das regiões interioranas, levando-os para Luanda, em bandos agrilhoados. Esses bandos eram chamados Alimbambas ou Libambos, e reuniam de oito a dez pessoas. Sendo quase sempre forçados a viajar centenas de milhas, chegavam a Luanda, consequentemente, em péssimas condições, e eram, de hábito, instalados em barracões à beira-mar, onde os engordavam, antes de os meterem nos navios que os deviam levar. Durante esse tempo submetiam-nos ao que se pode classificar de forma burlesca de

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