Novas páginas de História do Brasil

nossa atividade de escritor; e seria supérfluo, aqui, ponderar um a um os diversos temas, porque o leitor os pesará por si mesmo. Verá que os primeiros pertencem ainda ao ciclo nobreguense da fundação de São Paulo. Novos documentos, inéditos uns, conhecidos outros, mas agora de leitura arquivística retificado, convidavam a estudar de mais perto esse fato de tamanhas consequências históricas; e a própria celebração do IV Centenário impunha que se insistisse nos textos fundamentais e no esclarecimento de diversos pontos miúdos obscurecidos pelo tempo ou omissos pelos homens. Tal insistência e ambiente explicam por si mesmos o tom crítico próprio deste gênero de pesquisas, que embora sempre num plano impessoal, diverge do meramente expositivo doutras páginas deste livro.

Já desde o prefácio do I volume da História (1938) fomos dizendo e repetindo, que o fato histórico estabelece-o o documento fidedigno, independente da vontade de qualquer homem de hoje; a interpretação é que é a parte inevitável do escritor quando os fatos são suscetíveis de fundamentar conclusões gerais. Apologética? Como objetivo direto, não; como consequência, em conjunto, sim, nem podia ser de outra maneira. Notou-o Sérgio Buarque de Holanda:

"Da Companhia de Jesus, de sua ação considerável e em muitos pontos decisiva sobre nossa formação nacional, não é fácil falar serenamente. Seus inimigos foram sempre rancorosos - mais rancorosos e enérgicos do que seus partidários desinteressados. E o mesmo cuidado que põem ainda hoje os primeiros em desacreditar a obra dos jesuítas, aplicam os segundos em aplaudi-la irrestritamente. O resultado é que uma atitude intermediária corre o risco de parecer suspeita ou indecisa a uns e outros. O Dr. Serafim Leite não pode incluir-se evidentemente na classe dos últimos, dos partidários desinteressados. O fato de pertencer ele próprio à Companhia, faz crer que jamais levará sua isenção a extremos onde os serviços inestimáveis que vem prestando à História do Brasil cheguem a comprometer seriamente o prestígio de sua milícia". (Cobra de Vidro, São Paulo, 1944, 90).

Assim é. Não somos dos desinteressados. O Diretor do Museu Paulista e Professor da Universidade de São Paulo, que fala a seguir do meritório impulso dado a estes estudos por Afrânio Peixoto, move-se num plano superior de realidades e

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