Uma comunidade amazônica: o estudo do homem nos trópicos

das casas. Lá se dá grande valor à alimentação. Com exceção de poucos casos extremos, seria difícil classificar o "valor" (situação financeira) das famílias de lavradores de Plainville pelos alimentos que comem. Os padrões da economia agrária de Plainville, apesar de sua estreita relação com o mundo comercial ainda se orientam, em grande parte, para a economia de subsistência.

Também os lavradores de Itá produzem ou retiram do ambiente em que vivem grande parte do que comem. Mesmo na cidade, muitas famílias têm no seu quintal árvores frutíferas e umas poucas galinhas. E, na classe mais alta, têm até roças plantadas por trabalhadores assalariados. Nessas roças planta-se sobretudo mandioca, mas nelas também se encontram bananas e outras frutas nativas que se plantam perto de casa. A gente de Itá caça e pesca para suplementar sua dieta, entretanto a tradição cultural da região amazônica não dá grande valor à lavoura como meio de subsistência. A tradição do plantio de uma variedade de produtos para o consumo da família, que parece ser (e ter sido no passado) tão acentuada entre os portugueses e outros camponeses da Europa, talvez se tenha perdido com a transferência de elementos europeus para o Vale Amazônico. O sistema econômico colonial de extração de produtos naturais para os mercados estrangeiros parece ter sufocado a tradição europeia de se aliar a lavoura às outras atividades para a subsistência.

A maioria dos lavradores de Itá possui algumas galinhas magras, cujos ovos são, às vezes, encontrados nos matos das redondezas, mas tão ariscas e selvagens que têm de ser mortas a tiro se se quiser apanhá-las para comer. Patos quase ninguém tem, pois dizem que as cobras e os jacarés devoram-nos. Quanto aos

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