Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume I

muito peior tratam estes mercadores cristãos aos pretos que já são também fieis, porque na praia, ao tempo de embarcal-os, os batizam todos juntos com um hissope, o que é outra grandíssima barbaridade"(111) Nota do Autor.

Tinha razão Channing para afirmar, num arroubo de eloquência, que desde o século 16 o navio negreiro era, "O conjunto do maior número de crimes reunidos no menor espaço". Teólogos e simples eclesiásticos, afligiam-se igualmente das revoltantes cenas ocorridas a bordo. "Nihil de concubinato mancipiorum inter se, dum masculi permixti faeminis exportantur", exclamava Luís Molina. Outros espanhóis o acompanharam na virtuosa indignação, entre eles o grande cardeal Ximenes, que na sua regência, após a morte dos reis católicos, preocupara-se com a monstruosidade do tráfico perante a religião. O ilustre protetor das letras na península era infenso a todas as formas de escravismo, pela iniquidade que representavam e males que difundiam. Infortunadamente, o curto governo do cardeal não lhe deu ensejo a mais que um esboço de providências a favor dos índios, pelos domínicos que enviou as Antilhas, e algumas outras resoluções parecidas. Em pouco, a mudança de normas políticas e econômicas sob o infante D. Carlos de Áustria, assumiu, com o senso utilitário dos belgas chamados

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