terreno colonial. Os descobrimentos tinham complicado extraordinariamente a máquina administrativa do país. Subiam os preços das cousas, aumentavam as necessidades do povo, as importações, os compromissos no exterior, os impostos, numa hipertrofia geral do sistema.
Na conjuntura, faltava ao português solo rico, em condições de reter pela capacidade econômica dos seus habitantes os lucros da mercancia ultramarina. Limitado de áreas cultiváveis, depauperada a agricultura com a diminuição do braço mouro, mal produziu o indispensável para as populações rurais e urbanas. Piorava o quadro no intercâmbio externo com a desvaliosa exportação de mercadorias da terra ou aí preparadas, cortiça, couros, frutas em passa, mel, cera, peixe seco, esparto e grã. O vinho e o azeite, mais interessantes, ainda distavam pelo atraso da agricultura do grande desenvolvimento obtido ao depois. Era impossível equilibrar a balança comercial com tão pobres exportações, preenchida a diferença, de meados do século 16 a meados do 17, com os monopólios do tráfico negreiro, da especiaria e do açúcar. O lucro que davam chegava em aparência a sobrepujar o déficit, lucro enorme para a época, porém grandemente diminuído pelo caríssimo transporte de gêneros. O fato de virem de regiões situadas a muitas semanas de viagem, elevando consideravelmente o preço, escapava aos estrangeiros e despertava