São Vicente e as capitanias do Sul - As Origens (1501-1531)

governo. Manteve-se, daí, na maior rigidez a norma colonialista através dos tempos, de que uma das manifestações consistiu em valer-se dos elementos humanos encontrados no sul do Brasil, para formar o núcleo inicial do reduto que seria a atalaia do âmago do continente.

Nos ajustes realizados em 1493, de que se originou a bula Inter Caetera, cabia aos portugueses a "zona de influência", como diriam diplomatas do século XIX, situada a leste do meridiano traçado nos Açores, numa extensão de cem léguas a partir desse ponto. A medida que devia manter boa harmonia entre as duas Coroas ibéricas, não satisfez, entretanto, os beneficiados. Naquele momento as viagens de Colombo turbavam as relações de lusos e castelhanos, de sorte a prosseguirem as discussões dos peritos - compostos de ambos os lados quase somente de portugueses - até traçar-se, no ano seguinte, dois meridianos, um no oceano Atlântico e outro no Pacífico, com 180 graus de permeio. Determinara-se, outrossim, que haveria deslocação de limites, de volta à bula Inter Caetera favorável a Castela, caso o genovês descobrisse mais terras antes do dia vinte de junho de 1494, a saber, onze dias depois da assinatura do tratado. Do contrário, permaneceriam íntegros os limites favoráveis a Portugal, razão de mais tarde caber-lhe o Brasil quando foi descoberto.

A linha demarcatória em vigor depois do ajuste começava no Marañon dos espanhóis, para terminar em São Sebastião, no atual Estado de São Paulo, a parte direita outorgada ao luso e o remanescente a espanhóis. Esse risco não obedecia à configuração do terreno. Era puramente ideal, favorável a toda sorte de manejos capciosos incentivados por recursos demarcatórios tecnicamente deficientes. Culminou a afoiteza dos lusos na conjuntura com a expedição de Martim

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