São Vicente e as capitanias do Sul - As Origens (1501-1531)

Afonso de Sousa, que simultaneamente desviou a linha ao norte do Maranhão para a ilha de Marajó, e, no sul, da ilha de S. Sebastião para Cananeia. Maiores desvios ainda projetava, quando semeou padrões com as quinas na região do Prata, mas foi contido pelas prudentes ponderações de D. João III. Ainda assim, a incerteza dos tratados deixava porta aberta para ulteriores ingerências nas terras do vizinho.

A missão do vicentino na mente da metrópole consistiu, destarte, em desrespeitar solenes ajustes, palmilhar morros e vales sem se ater a linhas divisórias, valer-se de acidentes topográficos em intérminas caminhadas, vadear rios, devassar sertões, explorá-los e conquistá-los para a Coroa. Na faina aventurosa, através de mil perigos, refregas e fatalidade, na caça do índio ou na prospecção de jazidas preciosas, onde punha o pé dilatava o território sob bandeira lusa.

Esse esforço prodigioso efetivou-se com recursos do próprio meio vicentino, mediante escasso auxílio do maior beneficiado, quando não à sua revelia. A conquista do interior do continente foi realizada a poder de audácia, rusticidade e pasmosa resistência a privações dos que não se arreceavam de afundar na imensidade desconhecida, além do Prata e de serras fabulosas, até os Andes e o Amazonas. Recomendavam-lhes, os agentes metropolitanos, preassem íncolas e descobrissem metais, com grande escândalo dos sacerdotes aparecidos nas capitanias, tarefa de que os leigos se desincumbiram com absoluto sucesso. A preocupação predatória de governantes e governados, reinóis e mazombos, litorâneos e sertanejos, contudo, superava os ditames da crença. Ao lembrar do ouro, inflamava-se dos dois lados do Atlântico a cobiça, acicatadas as imaginações pelas notícias dos feitos de Pizarros e Cortezes. Devia haver riquezas ocultas nos rios e fragas

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