situadas entre os domínios de Portugal e Castela, como sucedia no Peru e recrescia a febre que atormentava Reis e Imperadores na expectativa de veios asseguradores do domínio do mundo.
O tempo de parceria com o acaso se encarregou muito mais tarde de satisfazer os videntes que previam riquezas no interior do Brasil. Enquanto a procuravam, se lhes afigurava de pouco interesse a capitania do extremo sul dos domínios del-Rei. De desânimo em desânimo surdiria a frase do donatário de São Vicente de que, se o amo lhe retirasse a mercê, prestar-lhe-ia imenso favor... Na Índia, pelo menos, podia-se locupletar com assaltos a templos e extorquir dinheiro de régulos indígenas, tão só com a força armada, ao passo que no Brasil se multiplicavam obstáculos e delongas na complicada e pouco rendosa capitania.
A certeza, porém, de encontrar tesouros na América, alimentada por soberanos lusos e conselheiros, assume aspectos visionários, persistente a despeito de malogros e, principalmente, longa demora na realização de sonhos. No elementar aproveitamento do litoral, até se organizarem as entradas devassadoras do hinterland, encontraria no Brasil, a alma rapinante do europeu, terreno ideal para a sua cobiça. Com pequeno dispêndio alcançava a Coroa, mormente em São Vicente, quem se lhe substituísse na alteração dos limites de Tordesilhas e na pesquisa de veios auríferos. Bastava manter alguns presídios na costa e deixar livres de se desenvolverem como pudessem os do interior, para calcular resultados excepcionais. Isto mesmo era empecido pela política metropolitana quando levantou barreiras para impedir comunicações entre os povoados vicentinos e os domínios espanhóis, no intuito de obstar evasão de insignificante renda fiscal.