de S. Paulo a S. Dinis, tinham discorrido cabalmente sobre a ação misteriosa da graça, que sem destruir a liberdade, antes com o seu imprescindível concurso, opera a santificação dos eleitos. No quarto século, exagerando o papel da vontade, suprimiram os pelagianos o elemento sobrenatural. Em sentido oposto, firmando-se exclusivamente sobre a ação da graça, e invocando até textos mal interpretados de S. Paulo, S. Agostinho e do Areopagita, os iluminados e outros católicos menos precavidos, nada mais pediam para santificação do homem que uma atitude meramente passiva, dando assim um sentido completamente errôneo à doutrina da predestinação. Lutero chega a comparar a vontade humana a um cavalo, que se Deus o monta vai pelo caminho do bem, se o diabo o cavalga dispara então pelas estradas do mal. (De servo arbítrio). Realçando a tradição que se lhes afigurava verdadeira, jesuítas como Pedro da Fonseca, e seu continuador Luís de Molina, insistiam na esteira de Santo Inácio, em dar novo alento ao catolicismo, restaurando num âmbito mais largo a atualidade da sua doutrina, removendo os obstáculos a uma conciliação possível com as aspirações da tumultuária Renascença.
Muitas crises atravessara o cristianismo, mormente no fim da idade média, período de extrema fermentação religiosa. Sempre houve, em todos os tempos, contendas no terreno das preferências espirituais,