Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume II

Da lista infere-se que a expedição visivelmente se destinava a pesquisar "por todos os modos licitos descobrir todas as minas... de ouro", e na falta dessas procurasse Pero Coelho as de prata e pedras preciosas, que também serviam para o serviço de Sua Majestade. No correr da expedição um dos maiores cuidados a se observar, era tolher aos línguas a possibilidade de semearem desordem entre o gentio, como eram useiros e vezeiros. Com esta recomendação vemos mais um lado da sociedade colonial, entenebrecido pela inconsciência de boçais subalternos em redor de úteis empreendimentos. Constituíam as suas demasias, grande obstáculo à atividade de leigos e religiosos, principalmente dos missionários, quando, ao palmilharem o sertão ou o litoral, vinham a sofrer a consequência dos seus atos danosos. Igualmente molestavam às autoridades, daí as providências no gênero da estada de Martins Soares Moreno entre selvagens a fim de lhes aprender a língua, de modo aos governantes prescindirem de intérpretes sem idoneidade.

Outra recomendação era a necessidade de impedir que os selvagens comessem os seus prisioneiros, passo de relevância porque as instruções do Regimento não pretendiam fazer propaganda alguma contra os atuais etnólogos, que dizem ter sido a fama da antropofagia do gentio exagerada e deturpada pelas crônicas religiosas, principalmente de Jesuítas.

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