A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 2º

À vista da atitude desfavorável do representante del-Rei, gizou Manoel da Nóbrega embrenhar-se no sertão sulino, a ver onde pudesse levantar a sua república teocrática longe de ingerências brutais de brancos gananciosos protegidos por autoridades utilitárias. Não renunciaria, nem lhe era permitido pela direção da ordem, ao ensino e missões no Recôncavo, junto da governança e das classes dominantes, mas voltara os olhos para uma tentativa que poderia ser a obra máxima da Companhia de Jesus, embora precisasse, para ser levada a bom termo, afastar-se da tal coincidência do interesse particular com o imperativo das finanças reiunas.

Logo ao descer em terra, os jesuítas começaram a descontentar a muitos, nas questões levantadas pela cobiça e vaidade dos reinóis. Em volumes anteriores aludimos às quizílias registadas entre os que, depois do equador, se embriagavam com a sua importância de brancos no meio do gentio. Todos eram fidalgos, todos queriam mandar, ninguém cogitava de obedecer, começando o mau exemplo por cima. Exasperavam-se os melindres, não faltando oportunidades de conflitos pela dualidade de poderes, parte dependentes del-Rei, parte da Santa Sé. Viam-se destarte os missionários ante a dupla tarefa de amainar a competição de brancos em torno do mando, antes de começar o amansamento do gentio.

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D. Duarte da Costa incidia na perigosa contingência dos governantes que se movem acompanhados de parentes, circunstância às vezes cômoda, mas em geral prenhe de incidentes nocivos a uma boa gestão, como frequentemente nos foi dado presenciar através

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