real, cuja severidade de costumes exigia reconhecidas virtudes nos servidores. Começara D. Álvaro, pai de Duarte, a carreira palaciana, como moço guarda-roupa de Manoel I, o que denota entrar no paço bem recomendado. Davam ensejo essas atribuições, à privança del-Rei, condição muito invejada pelos múltiplos benefícios que daí manavam. Estava diretamente o escudeiro sob as vistas do soberano, não faltando no correr dos dias, oportunidades para lhe merecer a atenção. Efetivamente, tendo-se desincumbido com acerto do primeiro encargo, recebera Álvaro o título de Dom, privativo dos grandes do reino, quando fora a Castela, já armeiro-mor, buscar a infanta D.ª Leonor, esposa del-Rei. Não pararam aí as demonstrações do real apreço, e mais ainda se estreitaram os laços entre os Costas e os príncipes, ao ser convidada D.ª Brites de Paiva, esposa do armeiro, para ama do infante D. João. Sucedendo, porém, não lhe ser possível continuar a incumbência, receberam os Costas e parentes nova marca de confiança, na escolha de D.ª Felipa de Abreu, mulher de Bartolomeu de Paiva, irmão de D.ª Brites, a fim de que continuasse na família o cuidado de velar pela existência do futuro D. João III. Chegados a tão contínuo e estreito convívio, não custou a D. Álvaro traspassar algumas das mercês recebidas ao filho segundo, e pode-se inferir que, em retribuição, aceitasse D. Duarte a governança do Brasil para solver momentâneo embaraço do governo, às voltas com o problema de substituir Tomé de Sousa.
Sofria a expansão colonial lusitana, a partir de meados do século XVI, crise semelhante à dos adolescentes de crescimento demasiado rápido, em que se nota hipertrofia de certos órgãos em detrimento de outros. Tinham-se complicado consideravelmente os tropeços de um país pobre, sem riquezas na superfície,