O Marquês de Olinda e seu tempo (1793-1870)

Olinda não ilude com a magia da frase rápida e brilhante nem o seduz o prestígio duma doutrina com o selo europeu. Calca o solo da pátria e nele se radica, duro, sério, pesado e sincero.

Não tem a inteligência plástica de Nabuco de Araujo nem a palavra vitriólica de Zacarias. Como não se cercou do halo prestigioso do som e dos prelos é o mais esquecido dos políticos imperiais. Ele não se esgota como Rio Branco no afã de desarmar adversários, fazendo justamente o que eles não puderam fazer. Não contemporiza como Cotegipe. Não desafia como João Alfredo.

Sua mentalidade é de análise, de perscruta, de exame, de estudo. Não há nele o arrojo da experiência, a ousadia do inusitado, a obediência, a popularidade, a manietação dos partidos. Olinda é uma entidade isolada, única, definitiva. Não muda, não acelera, não retrograda, não para.

A glória aposentou-o com todos os vencimentos da Historia. Está tão estudado no Brasil como se fora o mordomo-mor dum faraó.

Este livro não tem o mérito de ressuscitar o Marquês de Olinda. Cumprirá o destino que lhe foi dado se indicar, indecisa e provisoriamente, os traços essenciais de sua biografia política.

Março de 1931. Em Natal.

LUÍS DA CAMARA CASCUDO

O Marquês de Olinda e seu tempo (1793-1870) - Página 33 - Thumb Visualização
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