História social do Brasil - Espírito da sociedade colonial - Tomo I

designados com o qualificativo dos primeiros exploradores. Do mesmo modo por que os naturais de Minas Gerais se chamam até hoje "mineiros".

Apenas o "brasileiro", para extrair a madeira roxa, teve de aliar-se ao selvagem: o francês e o português disputaram-lhe o auxílio, entre Cabo Frio e Pernambuco. Depois, para armar os "engenhos" e estender as plantações, repeliu-o e cativou-o. O navegante, que pretendia cortar o "brasil", subornava ou trucidava os gentios, conforme os casos. Mas, para pacificá-los, ajeitando entre eles uma acomodação definitiva, foi preciso que viesse o missionário e que o mameluco – filho de índia e branco – se constituísse o intermediário astuto e andejo. O jesuíta desarmou as cóleras, ensinando a mística da sociabilidade; o mameluco valeu-se da inexperiência das tribos enganadas pelas suas falas tupis para as escravizar ou destroçar. Foi aquele o agente de conciliação colonial; este o da dominação do cristão e do mestiço sobre os povos indígenas. A arma que utilizaram foi, igualmente, a língua geral da costa, o tupi, em que se entendiam as principais nações vermelhas: tanto o mameluco como o padre, por meio dela atraíram os homens simples do mato e os subjugaram; o padre, para que tivessem uma vida civilizada, o mameluco, para vendê-los aos agricultores do litoral. As rivalidades, que sempre existiram entre índios; ("Não há neles nenhum vício, a não ser que um povoado guerreie a outro", segundo a Nova Gazeta da Terra do Brasil, 1515), quebraram a sua resistência à religião ou à violência. Aceitaram o apoio dos portugueses para baterem

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