Sobrados e mucambos

E sem desprimor nenhum para a nossa Marinha de Guerra, recordaremos ainda uma vez que tendo-se constituído no maior viveiro de brancos ou quase brancos no Brasil apresenta número relativamente insignificante de grandes homens. Nem mesmo um professor de matemática da estatura de Benjamin Constant. O contraste com o Exército, de oficialidade em grande parte mestiça, e até negroide, imediatamente se impõe. E com o contraste, a ideia de que pelo menos no sentido de melhor correspondência com o meio brasileiro e de adaptação mais fácil e talvez mais profunda aos seus interesses, aos seus gostos, às suas necessidades, o mestiço, o mulato, digamos delicadamente, o moreno, parece vir revelando maior inteligência de líder que o branco ou o quase branco.

Aqui, já não é mais o caso da ascensão de mulatos ou de mestiços à sombra do domínio social, já agora em declínio, dos brancos e dos quase brancos. É o triunfo mais largo e menos individual do mestiço, do curiboca e principalmente do mulato, através de melhor correspondência, não diremos rigidamente psicológica - derivando essa correspondência de imposições biológicas - mas socialmente psicológica, entre o líder mestiço e a massa, em sua maioria também mestiça. Há entre os dois uma espécie de maçonaria, uma linguagem secreta como a dos namorados e a dos pedreiros livres.

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