E, desde então, fixou residência na Vila Real da Praia Grande. Esta vila, porém, já não era mais a descrita por Luccock, nos seus primeiros anos de estada no Brasil: "São Domingos e Praia Grande, no lado oposto, eram duas aldeias pequeninas, constituídas de um punhado de casitas dispersas e mergulhadas no seio da floresta."(9) Nota do Autor Entrara, havia poucos anos, em fase de inovação urbanística importante, que lhe demudara completamente o aspecto arcaico de aldeia.
A Câmara da Vila, presidida pelo juiz de fora José Clemente Pereira, desde 1816, planejara verdadeira reedificação da Praia Grande, propriamente dita, transformando-lhe os caminhos tortuosos que seguiam da praia para o interior, nas ruas perpendiculares e paralelas ao mar, que, até hoje, se conservado têm. Armand-Julien Pallière, hábil pintor francês, chegado então recentemente da Europa, fora incumbido de desenhar os projetos e plantas. Com tal perfeição e minúcia se desobrigou do encargo, que se não limitou a delinear as novas ruas e o futuro Largo da Memória, em homenagem este à visita do príncipe D. João à Praia Grande, mas determinou também os antigos caminhos e pintou pormenorizadamente a parte de São Domingos, onde se encontravam os principais edifícios.(10) Nota do Autor O mencionado John Luccock, negociante inglês, que esteve no Brasil de 1808 a 1818, descrevendo-o honesta e miudadamente, tem no seu livro outra passagem sobre a Praia Grande, escrita, presumo eu, de anotações posteriores às daquela transcrita acima, na qual já faz alusão às modificações operadas, por certo, durante a sua permanência aqui. "A enseada da Praia Grande — diz neste segundo passo que deve ser de 1818 — é um dos recessos menos profundos com que por ali se topa; mas nem por isso menos belo. A praia é larga e orlada de