Um diplomata do Império - Barão da Ponte Ribeiro

contra a injustiça manifesta que se irroga a este estadista do Brasil."(566) Nota do Autor

Nesses seus escritos reviveu Ponte o passado. E de tal sorte o fez que, de tudo quanto escreveu sobre o amigo falecido desde 66, nem uma só palavra lhe escapou, de que se pudesse suspeitar se referisse ele a um morto. O Sr. Visconde do Uruguai parecia, vivo, a conversar com o diplomata sobre as suas proezas em Buenos Aires e Chuquisaca, assentado no sofá de mogno e palinha, da sala de visitas da rua dos Inválidos. O envelhecer é criar-se um mundo em que se confundem os mortos com os vivos. As gerações que foram e as que chegam vivem da mesma sorte, influem da mesma maneira, falam do mesmo jeito, junto àqueles que ficaram como elos dessa corrente infinita que é a vida. Por isso é sempre com calor que Ponte Ribeiro volta a evocar o seu passado de diplomata. Relembra com prazer os seus lances na política continental: momentos de incerteza e de sacrifício que se misturavam com outros, de prazer, alegria e glória. Ainda hoje, a reler essas velhas memórias do diplomata, temos nítida a visão de um Ponte Ribeiro, vivo, solene, quase omnisciente, no moderno Itamarati, a repuxar rixas; a estirar questões; a fustigar sem piedade os inimigos; a ressuscitar documentos; a desdobrar mapas pelas mesas; a joeirar argumentos, e a contar, enfim, a história dos nossos limites. Tão intensa foi no ministério a ação de Duarte, que, mesmo depois de sua morte, se fazia em seu nome um catálogo de mapas, como se presente estivesse ali o velho mestre.

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Dia a dia se tornava mais precária a saúde de Ponte Ribeiro. A doença acabara por debilitar-lhe o

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