no que tinha de barulhenta, de agitação, de enormidade. Depois, só procurava Paris nos momentos de aflição, para reconcertar um ou outro órgão emperrado pelos muitos anos de funcionamento. Era natural lhe deixasse apenas a impressão dos hotéis barulhentos, incômodos de se aturar, e do cheiro de desinfetante, que os consultórios das sumidades médicas exalam.
"Vim para esta Babilônia", continuava Ponte a carta, com a descrição do seu mal — "consultar outros especialistas das enfermidades das vias urinárias, a fim de obter diminuição do muito pus saído da minha bexiga e com a urina. As necessárias sondas com algalias para reconhecer o assunto e gravidade do mal, arrastaram convulsões, febre e irritações que a custo calmavam com grandes doses de sal sulfato de quinino, muito suor e cama. Hoje estou um tanto melhor da abundância de pus, e mais tranquilo por dizer-me o médico que a minha bexiga não está no mau estado que a quantidade de pus faria supor, que não vem dela e sim da próstata. Convencido de que só tenho a esperar melhoras, e não cura radical, insistirei na diligência de conseguir o aumento delas por 15 ou 20 dias, e passarei a Lisboa, aonde conto passar o inverno, fazendo uso de águas e remédio levados de Vichy e remédios daqui."(568) Nota do Autor
Assim, com essas descrições do quadro a que se reduzira a sua vida, se consolava Ponte. Além do mais obtivera melhoras, que lhe permitiram partir para Lisboa em setembro ou outubro. Só nos primeiros meses de 1874 voltou ao Brasil.
Mudara muito o Barão da Ponte Ribeiro. A sua fisionomia era outra: mais serena, mais compassiva e de tal modo transformada, que, dificilmente, reconhecemos hoje, no retrato do velho barão, aqueles traços fortes, severos, todos em ângulos, sem uma linha sequer