Um diplomata do Império - Barão da Ponte Ribeiro

cortara inúmeras verbas e entre estas uma que se destinava a gratificações no ministério dos negócios estrangeiros.

Ponte Ribeiro recebia, por aquela verba, a gratificação mensal de 200$000. O ministro dos negócios estrangeiros, o Barão de Vila Bela, em face da resolução do legislativo, solicitou do seu colega da Fazenda a suspensão do pagamento das mesmas gratificações. Porém, além de ser uma ordem geral, que abrangia a todos que recebiam pela verba suprimida, como Alhambra, Japurá, Penedo, Ponte Ribeiro e outros, respeitou o que já havia sido pago até à data da comunicação. Assim, os diplomatas beneficiados com a gratificação tinham que repor apenas o que receberam adiantadamente, relativo ao segundo quartel. Esta ordem, como muito bem ponderou Joaquim Manuel de Macedo, no seu trabalho citado, nada tinha de pessoal, nem colimava outro objetivo, senão o de cumprir uma determinação do Legislativo. Ponte Ribeiro não entendeu assim. Viu naquela ordem uma espécie de despedida, que lhe dava o governo imperial, de maneira somítica e pífia.(576) Nota do Autor

Estava em Petrópolis, ao receber a comunicação do ministro. Se fora sempre suscetível nas menores coisas, que se lhe figurassem menosprezo à sua pessoa, como o não seria agora aos 83 anos de idade, no meio de atrozes sofrimentos físicos? O velho desarvorou-se inteiramente; desceu a serra, e imediatamente recolheu o dinheiro. Desde este dia a sua vida terminara. Deixara de existir a razão de ser de sua teima: a velha mania de escrever. Desse momento em diante já não poria os pés no ministério. Agora lhe restava somente esperar um pouco mais o fim, que se aproximava rapidamente.

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