que nunca se desmentiu. No entanto, não podia haver homens mais diferentes um do outro que D. Pedro II e Gobineau. O Imperador era calmo, ponderado, prudente; Gobineau frisava o paradoxo até a violência e a injustiça extremas. O primeiro era liberal, democrata e simples; o segundo intransigente, arrogante, aristocrata. Ideias completamente opostas, mesmo em literatura e na arte. "Nós falamos de tudo, escreveu Gobineau referindo-se a uma de suas numerosas palestras que tinha com o Imperador muitas vezes por semana no palácio de S. Cristóvão, falamos de tudo e ainda de outras cousas e nem sempre somos da mesma opinião. Quando a discussão torna-se acalorada, eu me desculpo, mas ele pede-me que continue. Ele é muito mais liberal que eu; também é seu mister... ele me atormenta por causa de matemática, creio que não chegaria a me jogar no meio dos algarismos. Que fariam aí meus livros e minhas estátuas?"
"O Imperador, dizia ele ainda, é constitucional", ao passo que, ele, conde de Gobineau, é "menos que pouco", e contradiz D. Pedro "em suas preferências que pendia pelas constituições à moderna sobre qualquer outra forma de governo". Gobineau admirava muito Lúcio Cornélio Sila "este cirurgião, este carniceiro.. . este celerado augusto... este Titã... que, fazendo cortar tantas cabeças, restaurou a dominação patrícia e pôs a ordem e a disciplina na república consolidada."(4) Nota do Autor Este elogio exagerado de um tirano cruel irritava um Imperador, que suprimiu a pena de morte e sofria duramente quando seus conselheiros tomavam medidas severas contra seu povo.(5) Nota do Autor
Juntos, eles discutem sobre a emancipação dos escravos que D. Pedro queria apressar; sobre as emigrações para o Brasil, principalmente as emigrações de católicos