D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas)

a todo instante que, aconteça o que acontecer, eu não sairei do meu cantão. Não me deixam ir nem mesmo a Beauvais. Numa palavra, Vossa Majestade não pode imaginar um pânico, um terror mais absoluto e uma disposição mais pronta a aceitar como verdadeiras as exagerações de medo o mais absurdo. Eis o que fizeram de nossas populações.

Seguramente o presente não é alegre, mas que será do futuro se o moral deste povo não se transformar completamente? O que o governo(13) Nota do Autor faz nestes últimos dias é muito moderado e prudente; mas a herança que ele administra está num tal estado que o próprio Deus, só poderia fazer alguma cousa à força de milagres.

Quando estive em Paris, o número que ouvi dizer de bobagens e de loucuras é inconcebível e está claro que este desgraçado povo, bem latino neste ponto como em outros, banha-se até saciar-se e nutre-se da manhã à noite na fanfarronada e na mentira. Só de ler os jornais sente-se a gente tomada de raiva ao ver que nem uma situação como esta pode tornar as vítimas mais ajuizadas...

D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas) - Página 28 - Thumb Visualização
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