Gobineau a D. Pedro II
Castelo de Trye (Oise).
11 de fevereiro de 1871.
Majestade,
Acabamos de fazer as nossas eleições para a Constituinte e, com oito deputados, não há um só republicano verdadeiro; todos são conservadores. O Senhor duque d'Aumale está em primeiro lugar e não duvido que ele tenha sido nomeado também em outros departamentos. Eu, naturalmente, segui de perto as operações do escrutínio e arranjei-me de modo a que a candidatura de Sua Alteza Real fosse aceita como devia ser em todo o cantão de que disponho. Minhas 37 comarcas adotaram, em grande maioria, a lista que eu lhes tinha dado. Neste ponto de vista, tudo vai bem. Temos esperanças, e creio que bem fundadas, de que todos os departamentos vizinhos escolherão de preferência os conservadores e, na realidade, realistas. É bem possível que o sul da França se mostre, aqui e ali, um pouco jacobino, mas, em suma, nada vejo, em tudo o que estamos presenciando há seis meses, no fundo das cousas, a não ser na superfície, que faça alterar a opinião que, por muitas vezes, exprimi a Vossa Majestade, quando então eu previa mui próxima a queda da organização napoleônica; não há republicanos sinceros em França, e além disso, os demagogos podem assassinar alguns indivíduos, queimar alguns castelos, mas não saberiam tentar hoje, mesmo com qualquer probabilidade de êxito, formar um governo.
Isto não quer dizer que não estejamos na iminência de perigos consideráveis. Eis, a meu ver, os dois