Ao prefaciar o primeiro livro de versos de Machado de Assis, Caetano dá algumas notas sobre o feitio do estreante. "Era vivo, era travesso, era trabalhador", escreve ele. "Aprazia-me ler-lhe no olhar móvel e ardente a febre da imaginação, na constância das produções a avidez de saber e, combinando no meu espírito estas observações com a naturalidade, o colorido e a luz de conhecimentos literários que ele derramava em todos os ensaios poéticos, que nos lia, dediquei-me a estudá-lo de perto e convenci-me, em pouco tempo, de que largos destinos lhe prometia a musa da poesia"(5). Nota do Autor
Em tal apresentação ao público, o prefaciador já frisava algumas virtudes precípuas do homem, sustentadas em todo o curso da vida. Essas qualidades são a capacidade de trabalho, a constância de esforço, a sede de conhecimentos e a naturalidade de expressão.
Os primeiros versos escritos por aquele tempo não revelam ainda o poeta que veio a ser mais tarde, se bem que a poesia nunca chegou a ser expressão natural do temperamento de Machado, que é o de analista e psicólogo.
Os conhecimentos literários, que já revelava, como acentua Filgueiras, sem embargo de ser um dos mais moços dos que pertenciam àqueles grupos de artistas, demonstram o gosto e hábito da leitura em Machado. Era ledor impenitente. O episódio, que se segue, contado por vários de seus biógrafos, documenta a mania do escritor. Machado empregara-se, como aprendiz de tipógrafo, na Imprensa Oficial. Era mau funcionário, produzia pouco e mal, pois vivia, nas horas de trabalho, a ler pelos cantos. A tal ponto chegou o descuido do jovem, que o chefe de oficinas se sentiu no dever de ir queixar-se ao diretor, que era Manoel Antônio de Almeida, autor do romance