de índole idêntica à de Machado vivem sempre em solilóquio, remoendo as ideias. Têm ar abstrato ou longínquo. Chama-lhes o povo distraídos. Machado seria acaso um distraído.
Dentro em pouco, porém, foram-lhe confiadas, na folha, a crítica literária e a crônica da semana: - Semana literária e Conversas hebdomadárias. Vimos já que Machado começou pela poesia, como é o caso de toda gente. Em seguida, faz-se jornalista, mas de preferência jornalista literário. Escrevia crítica e crônica semanalmente.
É justo acentuar-lhe um traço do caráter, que foi, entre outros, um dos principais fatores de seu acesso na burocracia e de seu renome como homem de letras: a continuidade, a perseverança no esforço. Não tinha somente confiança ou fé no trabalho, tinha o amor, o gosto do trabalho. Essa qualidade concorreu em muitas partes para dar-lhe feição de autêntico homem de letras, afastando qualquer impressão de diletantismo. Animou-o sempre a paciência, a calma no labor artístico. Mesmo em escritos de jornal, não se lhe percebem sinais de trepidação da pressa. Machado será sempre assim. A este respeito, poderia adotar o lema de Goethe: "Sem pressa, mas sem pausa como a estrela". Foi um trabalhador vagaroso e ininterrupto.
Os amigos de Machado naquela quadra da vida foram, como ficou dito, Casimiro de Abreu, Paula Brito, Manoel Antônio de Almeida, Caetano Filgueiras, Quintino Bocaiuva, Francisco Otaviano, Ernesto Cybrão, Henrique Cezar Muzzio, Pedro Luiz, Bernardo Guimarães e outros.
Parece que, do ponto de vista de influência sobre o seu espírito, primavam Quintino, Francisco Otaviano e Caetano Filgueiras, que, aliás, lhe prefaciou o primeiro livro de versos - Crisálidas - publicado em 1864.