Machado de Assis fora destacado, como redator do Diário do Rio, para servir junto ao Senado, na função de representante da folha. Observando diariamente os velhos daquela casa do parlamento imperial, pôde escrever página sugestiva a respeito de algumas figuras interessantes da Monarquia.
Do convívio travado ali com os companheiros da imprensa, temos o seu depoimento naquela crônica política: "no mesmo ano, abertas as câmaras, fui para o Senado, como redator do Diário do Rio; não posso esquecer que nesse ou no outro ali estiveram comigo Bernardo Guimarães, representante do Jornal do Comércio, e Pedro Luiz, por parte do Correio Mercantil, nem as boas horas que vivemos os três. Posto que Bernardo Guimarães fosse mais velho do que nós, partia-mos irmãmente o pão da intimidade. Descíamos juntos aquela praça da Aclamação, que não era então o parque de hoje, mas um vasto espaço inculto e vazio como o Campo de S. Cristóvão. Algumas vezes, íamos jantar a um restaurant da rua dos Latoeiros, hoje Gonçalves Dias, nome este que se lhe deu por indicação justamente do Diário do Rio; o poeta morara ali outrora, e foi Muzzio, seu amigo, que pela nossa folha o pediu à Câmara Municipal. Pedro Luiz não tinha só a paixão que pôs nos belos versos à Polônia e no discurso com que, pouco depois, entrou na Câmara dos Deputados, mas ainda a graça, o sarcasmo, a observação fina e aquele largo riso em que os grandes olhos se faziam maiores. Bernardo Guimarães não falava, nem ria tanto, incumbia-se de pontuar o diálogo com um bom dito, um reparo, uma anedota."
Desses amigos de Machado, Bernardo Guimarães pouco depois o deixava, retirando-se para Catalão, para onde fora nomeado juiz municipal e de órfãos. O autor de Quincas Borba, no breve trecho em que lhe faz referência,