Machado de Assis, o homem e a obra – Os personagens explicam o autor

verdades necessárias. Assim procedeu com Sizenando Nabuco, seu companheiro de mocidade, ao apreciar-lhe trabalhos de teatro.

É pequena sua produção literária no gênero, mas suficiente para demonstrar-lhe o senso estético e a fina capacidade analítica. Muita página é de ocasião, como os prefácios que escreveu e a carta a José de Alencar, contando-lhe as impressões da leitura, que lhe fez Castro Alves, do Gonzaga, e de alguns poemas.

Qual era o intento de Machado de Assis como crítico? Ele o declara: "Confesso francamente que, encetando os meus ensaios de crítica, fui movido pela ideia de contribuir com alguma cousa para a reforma do gosto que se ia perdendo e efetivamente se perde". Reagia contra as imitações e os exageros de escola, contra o mal que vinha de fora. Já em 1873, escrevendo para o Novo-Mundo, revista que se editava em Nova York, discorria do instinto de nacionalidade, perceptível na produção literária do país. E dizia que tal espírito estabelecia o de continuidade na evolução. Isto seria a autonomia. Iam-se caracterizando os traços de nossa fisionomia mental como também os toques particulares da sensibilidade. Falava contra os árcades, com justa medida, sendo a poesia da maioria dos homens da Inconfidência presa à homogeneidade de tradições com a Metrópole. Elogia Basilio da Gama e Durão.

Do índio não podíamos fazer o elemento único de nossa independência, mas justo não era relegá-lo, porque, em seus costumes e vida, há muita ideia poética, muita sugestão dramática. Achava errônea a opinião que só reconhecia espírito nacional nas obras que tratam de assunto local. O regionalismo é uma simples feição da literatura. O assunto não importa de modo principal. "O que se deve exigir do escritor, teoriza ele, é certo sentimento íntimo, que o torne homem de seu tempo

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