chega. Para quê? Para ler-lhe um dramalhão.
O humour está nas consequências deste contraste. As horas correm, o Major lê, Duarte se inquieta. Depois, cai no pesadelo, cujos fatos freudianamente se entretecem de acordo com as sugestões despertadas pelo absurdo da visita de Lopo Alves.
A vida aí, acuada, procura animicamente o simulacro da morte, que é o sono, que é o sonho, evasão e defesa, diante daquele insuportável desconcerto da leitura, num momento em que era especificamente contraindicado.
Taine equiparou o humour ao levedo da cerveja. Está certo. Humour é bílis, azedume, melancolia, amargura. É veneno, que se infiltra no temperamento do indivíduo. O povo, que prevê pelo instinto a descoberta das ciências, julga o povo, pelo seu modo de falar, que humour é mau temperamento, índole de feição azeda. Ouve-se quase sempre a uma pessoa do povo, em face de alguém, a ostentar aspecto prazenteiro:
- Fulano, hoje, está de bom humor. Ao contrário, quando uma criatura se acha travada de pessimismo, irascível, irritada, logo afirma que está atacada dos humores. Humour são maus bofes, para empregar o termo de gíria. De que é sinônimo de índole a prova é sua etimologia. Pascal dizia que dizedores de bons ditos chistosos eram maus caracteres. Aliás, o chiste possui uma estrutura verbal ou mental, em que duas ou mais ideias se embrecham e se concentram, sendo uma delas de sentido pejorativo. É uma de suas técnicas, como documenta Freud(3). Nota do Autor Do fenômeno da condensação nasce um termo ou termos substitutivos, em cuja estrutura sônica ou gráfica as duas ideias antagônicas se exprimem por uma palavra só. A propósito