coisas trágicas, com especialidade com a morte. É um heroísmo, uma loucura do homem com as passagens mais terríveis da vida. De que Machado brinca com a morte temos em quase todos os seus livros vária cópia de exemplos, cumprindo destacar dentre eles a morte de Braz Cubas, a do Quincas-Borba, a do Viegas, aquele personagem que morreu, a debater o preço de uma casa, os numerosos trechos em que o prosador se delicia em mostrar como a morte ronda e circunscreve a vida humana. Sob tal aspecto mostra constante preocupação com a fuga do tempo, relacionando-o com a brevidade da existência. Nas Memórias Postumas, lá conta ele que Braz Cubas se inquietava com o tique-taque do relógio. "Esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dous sacos, o da vida e o da morte, a tirar as moedas da vida para dá-las à morte, e a contá-las assim:
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
- Outra de menos...
Se o relógio parava, dava-lhe corda, a fim de que não perdesse a conta dos minutos que iam pingando no abismo. Depois, faz a seguinte consideração: "O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre".
Mas não é só a preocupação da morte que aparece como obsessão dos personagens do autor Esaú e Jacó. É tudo o que oprime, inquieta e perturba o homem. Só este é que constitui o tema de Machado de Assis. Unicamente a criatura humana é que me interessa, explicou uma ocasião. Daí o reproche que se lhe faz constantemente de que nunca se importou ou se deixou impressionar com a paisagem brasileira. Já ferimos este