alvejava, a pelota atirada passava sucessivamente mais distante do ponto da mira. O filósofo, que observou o fato, encaminhou-se a passo firme em direitura ao alvo e assentou-se-lhe por cima.
- Retira-te daí; que corres perigo, reclamava o estrategista.
- Estou a defender-me, respondeu o filósofo. Aqui é o lugar mais seguro destas redondezas.
Machado de Assis, sem embargo de haver sido tímido, delicado e suspicaz, com o desejo permanente de nunca molestar a ninguém, foi pessoalmente humorista. Quando era solicitado, por provocação, a expandir o temperamento, fazia-o humoristicamente. Assim se defendia. O anedotário de sua vida é escasso, posto que expressivo de sua índole.
Já na extrema idade, dissera, uma ocasião, a Lindolfo Xavier que á sociedade cumpria a eliminação dos velhos. A um cavalheiro, interessado impertinentemente em despacho de certo papel, pendente da decisão dele, respondeu, cedendo-lhe a cadeira de diretor de Seção, no Ministério:
- O senhor diretor não quer sentar-se para lavrar o parecer?
Luiz Edmundo, por sua vez, em recente obra publicada, relata que, em certo dia de Carnaval, se encontra um mascarado com Machado de Assis. Aproxima-se dele e pergunta:
- Você conhece-me?
- Conheço, sim. É o Rafael Pinheiro...
- Como me reconheceu?
- Pela colocação do pronome, arrematou Machado.
Estão dentro da mesma hipótese outros fatos de sua vida, como o caso com a atriz Ismênia dos Santos, com a mãe de Paulo Barrêto e outros mais. Bem disse um crítico que não há humorismo, mas humoristas.