Machado de Assis, o homem e a obra – Os personagens explicam o autor

que vitoriava a Casaloni, e a falange chartônica, que se entusiasmava pela atriz Charton.

A sociedade reunia-se nos teatros, no Carceler, no Alcazar, no S. Januário, no Cassino Fluminense e no Ginásio. Machado de Assis, como os companheiros, deixou-se influenciar pela moda. Tomou-se de amores pelas atrizes, fez-lhes versos líricos. Escreveu também algumas peças e traduziu outras, como o Anjo da meia noite. Queixou-se mesmo das más traduções, eriçadas de galicismos, o que vem provar uma vez mais seu pendor e zelo da vernaculidade. O amor do teatro e cousas de teatro, como das sociedades literárias, com certeza lhe veio desses hábitos e impressões dominantes da mocidade. Nos contos, nas crônicas e nos romances, que escreveria posteriormente, tudo isso entra como fatos repetidos no desenvolvimento do entrecho. Os personagens de Machado de Assis são frequentadores assíduos de teatro. Gostam também bastante de reuniões familiares e de saraus burgueses, talvez reminiscências dessa quadra de mocidade, em que entravam nos costumes. Muitas comédias suas foram representadas em saraus por amadores. Constituíam, então, uma das notas elegantes da sociedade.

A poesia ainda era romântica, como um pouco romântica era toda gente. O lirismo casimiriano, com as emoções delicadas colhidas no íntimo da natureza brasileira, era uma espécie de estado de espírito. Refeito das lutas da Independência, da Maioridade e da Regência, entrava o país em período de repouso. A expressão política era o liberalismo, que brilhava no jogo parlamentar. Diz um crítico de Machado de Assis: "o meio político estava saturado das ideias de conciliação e de trégua, que haviam determinado a dissolução dos partidos, fatigados e exaustos. As revoluções, em que se agitara o país desde dois decênios, tinham lançado contraditoriamente no espírito público larga sementeira

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