Machado de Assis, o homem e a obra – Os personagens explicam o autor

da Ponte de ouro, da Estatua de Glauco e outras. Iria agora pronunciar a do Uti possidetis, referindo-se ao passageiro ministério conservador. Diante do aviso de sua palavra no Senado, esboroava-se o outro dia justamente a situação dominante insustentável.

Caía um ministério de modo singular, depois de 1848, isto é, pelo pronunciamento da Câmara. Terminava o domínio de quatorze anos do poderoso triunvirato, de que Euzébio de Queiroz era inspirador.

O Gabinete Olinda, em 1862, é fenômeno inexplicável na fisionomia da época. A mocidade, que movia os partidos, denomina-o de ministério dos velhos. Olinda já estava, de fato, distante no tempo e no espaço, isto é, alheio ao mundo pela idade e pela surdez. Era como sombra. O próprio Imperador, pela dificuldade que opunha no ato de conversar, tratava, de preferência, com os companheiros. A muitas reuniões não comparecia o velho Olinda.

As eleições de 1863 deram a vitória ao novo Partido. Surgiu o segundo Gabinete de Zacarias. A Câmara de 1864 apresenta feição especial. Há duas figuras de proeminência: Otoni e Saraiva. Em torno do primeiro, abdicando nele toda a direção política, estão os jovens, os amigos de Machado de Assis: Francisco Otaviano, Pedro Luiz, José Bonifácio, o romancista Macedo, Tavares Bastos e outros. A assembleia faz-se notar pelo valor vitorioso da inteligência e cultura dos moços. Havia também Dantas e Pinto Lima, representantes da Bahia jovem. Mas era também uma Câmara mista. Eis a notícia crítica que traça do parlamento de então um historiador: "a Câmara era singularmente rica de mocidade e tradições, e isso a desequilibrava; figuravam nela homens distintos já na Regência, notáveis na Maioridade, cansados, deslocados, espectadores distraídos de novos tempos e de novos costumes, ao lado da última geração acadêmica, pronta para um exame vago na

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