agitações políticas. Uma de suas primeiras tendências foi a crítica literária. Pois esta mesma abandonou, cedendo àqueles motivos, fugindo ao receio de desagradar. Até na conversação frisam os amigos íntimos que era brando, condescendente, revesso a discussões. Se assim era, como poderia, pois, contrariando a si próprio, engolfar-se em refregas partidárias ou em propagandas tempestuosas ou em polêmicas acesas em favor da Abolição ou da República? Impossível.
É sabido que Machado, em toda vida, só teria pronunciado dois ou três discursos. Não mais. Pronunciar é até modo de dizer. Em verdade os leu ou tartamudeou, forçado pelo dever ou pelas circunstâncias. Não saberia, portanto, em campanhas políticas, arengar às massas como Patrocínio ou Silva Jardim. Seria violência insuportável feita à sua índole. Teria o complexo de inferioridade como orador, não só pelo acanho, timidez e esto apurado da linguagem e pensamento, mas ainda pela gaguez. Era o antípoda do orador. Assim, tudo nele o contraindicava para agitações verbais de qualquer ordem.
Convém dizer, por outro lado, que Machado de Assis já não era moço por ocasião do movimento abolicionista e republicano. Era homem de idade provecta. Atendendo-se-lhe ao feitio precatado e reflexivo, isto é, importante. Sentiria, pela experiência e idade, que os entusiasmos públicos ou individuais eram passageiros, eram arrebatamentos ilusórios. Estava na natureza e ritmo de seu espírito não possuir nem alimentar entusiasmos. Acresce ainda que a política não lhe entrava no impulso da vocação. Faltava-lhe, pois, o interesse, a ambição e o desejo de predominar entre os homens politicamente. É muito fácil encher a boca de palavras patrióticas e imagens de patriotismo, mas a verdade é que a ação e a palavra, neste terreno, como em tudo o mais, exprimem ou totalizam a vontade e a ânsia do