em qualidade, do coletivismo social de nossos dias(3) Nota do Autor.
Um conjunto de circunstâncias favoráveis erigiu o africano em providencial substituto do índio, quase imprestável. Possuía Portugal vasto viveiro de braços negros, em Angola e no Congo, a meio caminho entre a Europa e a Índia, na costa fronteira à América. Os cativos dessa proveniência estavam habituados, desde tempos imemoriais, ao regime servil, constituindo, até abrandamento de condição, ir ter das mãos de um soba inimigo às de um senhor de engenho. Robustos e dóceis, recebiam no Brasil o melhor tratamento possível nas condições locais, por custarem caro - verdadeiros animais de luxo - e poderem arcar com o esforço que deles se esperava. Teve ainda a sua introdução, em larga escala, o dom de tornar de certo modo útil a indiada, antes daninha à lavoura. É que os tapuias rondavam pelas matas, no limite das roças, contribuindo pelo terror, que muito justamente inspiravam, para sujeitar aquela massa negra à meia dúzia de brancos e mamelucos. A religião também encontrava nos africanos terreno fértil para semear a doutrina e colher messe muito mais abundante que a alcançada com o gentio. Acarretavam, sem dúvida, alguns óbices, dos quais o maior era o preço e o fato de mal se reproduzirem no cativeiro, tendo os lavradores de substituí-los constantemente, sob ameaça de paralisar a produção. Os sacrifícios, porém, eram compensados, levando em conta a impossibilidade do reino em mandar trabalhadores das suas comarcas para a colônia, que se tornara fonte de vida para a monarquia.
O tempo instruira, através da experiência, o governo sobre a maneira de auferir o máximo de proventos