Na América, tudo se simplificava pelo ermo, a separar os lavradores uns dos outros, na imensidão, onde o imigrante se entonava num senhor feudal de poder muito mais positivo que o atribuído aos capitães.
Os que receberam doações no Brasil, estavam enquadrados pelos itens dos Regimentos, coarctados pelos régios funcionários, quase sempre adversos, e pelos povoadores, inevitavelmente inimigos. Deve ser procurada a principal causa da queda de Francisco Coutinho ou Pero de Campos, na inabilidade que demonstraram no lidar com os brancos, que, na América, se julgavam tão nobres e com tantos direitos como os capitães, e por estes prejudicados quando os povoadores pretendiam dar largas à sua atividade construtora. Nunca a lei da oferta e da procura imperara com tanto despotismo como nesse período das capitanias, em que o branco atingiu o máximo do valor pela sua extrema raridade. Relatam os antigos documentos a falta que fazia, sendo elucidativos a respeito os capítulos do presente volume sobre Ilhéus e Porto Seguro. A metrópole, sem gente, nem recursos para angariar mercenários, como no século 17 praticaram os holandeses, obrigou os pouquíssimos reinóis, atraídos pelos donatários, a lançarem mão do indígena. As guerras "justas" e injustas proporcionaram alguns obreiros às derrubadas que precederam o plantio da cana-de-açúcar, mas, depois, foi preciso recorrer ao negro, porquanto o índio não suportava o trabalho nos engenhos, adoecia, morria, desertava de qualquer maneira do eito, deixando o povoador sem braços para continuar a faina. O aborígene só dava trabalho mais aturado nos moldes do mutirão desenvolvido pelos jesuítas nas suas reduções, e que, por uma estranha ironia da história, se tornou o paradigma das tentativas, muito inferiores