A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. I Tomo

para que, do alto de uma eminência, possa livremente abranger a causa do caos e descobrir-lhe a saída. Em toda a parte, procura-se solução, ou, pelo menos, lenitivo, para as pragas que nos flagelam - guerras, lutas fratricidas, traições, delações, perseguições, vinganças. Mas como fugir do desvario, dominados, como estamos, pelo meio e pelo tempo? A miragem refletida por um brilhante progresso veda a nítida percepção da realidade, que traria profundo desânimo, se não passasse despercebida à maioria dos pensadores e políticos contemporâneos(1) Nota do Autor.

Quais as razões do mal e da sua incompreensão? Taras prejudiciais do homem? Ou causas remotas que, avolumadas pelo tempo, sorrateiramente se apossaram do nosso destino? E como lhes conhecer os característicos? O momento parece pouco apropriado à reflexão e meditação, mas, a despeito de seu aspecto tumultuoso, podemos perceber sem muito esforço estarmos sob a ação de imenso complexo, dominador e tirânico, que nos dita a sua vontade, ao invés de nos obedecer. Progresso é o seu nome, e, antes de prosseguir, convém estabelecer com precisão, o sentido da palavra que tamanho lugar ocupa em nossa existência. Remontando às raízes clássicas verificamos que significa "marcha para a frente". Dando-se-lhe emprego mais lato, de acordo com a acepção que o uso lhe concedeu, temos nele o agente do aumento ininterrupto, até hoje, das possibilidades humanas, em que novos subsídios se juntam aos antigos, formando outros, num ritmo cada vez mais precipitado, à medida que de nós se aproxima. O progresso em si não é exclusivamente benéfico nem maléfico, podendo alternar as situações, ou confundi-las. Pretende a crítica histórica que o estudo de sua trajetória, através dos séculos, explica o presente e

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