A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. I Tomo

permite perscrutar o futuro, como deveria ser, se não, interferisse o desencadear de paixões da nossa era, que determina perigosa amálgama com sonhos de todo gênero, a impedir não só a visão da atualidade como a do futuro(2) Nota do Autor.

Imaginemos, o estado psicológico de um infeliz egresso de campos de concentração, com a família dizimada, despojado dos haveres, e que, pela influência dos correligionários na política universal, é chamado direta ou indiretamente a participar da reconstrução do mundo! Milhares de outras vítimas dos policrômicos extremismos, ideados para solucionar problemas sociais e políticos, veem-se em cruciante miséria, ansiosos por desforras sangrentas contra os algozes, o que tampouco concorre para delir paixões, afastando a violência com o seu cortejo de ruínas e sofrimentos. Procurai os jovens e os seus mestres ou guias, nas escolas, nos jornais, nas oficinas, nos quartéis, e ficareis abismados da confusão do seu espírito e da facilidade com que resolvem os mais complicados problemas do nosso tempo. Manifestam ingênua fé num progresso milagroso que deverá sanar o mundo e conduzi-lo a um estado de bondade infinita, parecido com a "Terra-sem-males" dos Tupi, embora seja preciso derramar rios de sangue para chegar à meta.

O homem mais funesto, em política, é o que se persuadiu de possuir a verdade de onde dimanará a justiça e a ventura para os seus semelhantes. Em nome deste princípio, não vacilará ante os piores excessos, julgando-se instrumento da providência para aplicar sobre a chaga dos doentes o cautério que lhes restituirá a saúde. Tais reformadores pululam, e contra eles esbarramos desprevenidos a todo momento, sem de longe conceber o perigo que representam. Entretanto,

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