O Rio de Janeiro de antanho: impressões de viajantes estrangeiros

Traziam da África os navios franceses grande número de negros escravos, então negociados, salvo os mais robustos, destinados a substituir os marinheiros brancos dizimados na costa da Gâmbia, pela febre amarela. Só a capitania, o "Faucon anglais", perdera mais de cinquenta homens!

Em todos os fornecimentos, pretende Froger, foram os franceses muito prejudicados pela tratantice do governador, que proibira aos particulares comerciar com a esquadra, querendo ser o único comprador e vendedor. "Vimo-nos obrigados a lhe ceder as nossas mercadorias muito mais barato do que pelos preços da Europa".

Dá-lhe isto o ensejo de lembrar a má fé da nação lusa, "em que, afirma, predominavam os indivíduos de raça judaica na proporção de mais de três quartos".

Do Rio de Janeiro, "grande cidade bem construída e de excelente aspecto, estendendo-se pela praia desde o magnífico Mosteiro de São Bento até ao não menos monumental Colégio dos Jesuítas", teve o viajante boa impressão, mas não dos fluminenses.

"Bem vestidos, gravibundos como a gente de sua nação, se mostram, ricos, amantes do tráfico, possuem numerosos escravos negros, fora várias famílias de índios que empregam nos engenhos de açúcar, mas a quem não querem escravizar, por serem filhos da terra".

Nada mais nefasto para os brancos do que a instituição servil, insiste o navegante.

Tanto desfibrava e amolentava os cariocas, que nem sequer eram capazes de se abaixar para apanhar um objeto de que carecessem. Muito mal o impressionaram também os costumes livres da cidade, onde os burgueses viviam licenciosamente e onde, infelizmente, acrescenta, havia eclesiásticos mal notados em tal particular,

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