à sombra duma povoação cercada de paliçadas. Ganhou a confiança de uma sociedade de ricos armadores a cuja frente estava Nicolas de Harlay de Sancy. Armou esta três navios, comandados por François de Rasilly e La Ravardière (o Regente), pelo barão de Sancy (o Charlotte) e pelo cavaleiro de Rasilly (o Sainte Anne). Saíram de Cancale, na Bretanha, a 19 de março de 1612, com o vivo agrado de Maria de Médicis, que assumira o governo por morte de Henrique IV, durante a menoridade de seu filho Luiz XIII.
Sobrinha da grande Catarina, a que debalde cobiçara o Brasil ao tempo do Prior do Crato, est'outra Médicis, ao proteger a expedição, continuava-lhe a política. O aventureiro sem nome podia dar-lhe o que não conseguira o glorioso Strozzi com uma armada famosa... Evitando fazer guerra à Espanha com altas vozes, prosseguia a tradição de Francisco I, dos homens de S. Malo e Dieppe: far-lhe-ia a pequena guerra de corsários e colonizadores solitários! Não foi mais feliz do que eles.
Participava da expedição o mesmo Charles des Vaux, companheiro outrora de Riffault e por muitos meses morador na Ibiapaba com os índios inimigos dos portugueses. Foi o intermediário entre o gentio e os franceses. Os três navios fundearam ao abrigo do ilhéu, logo chamado Sant'Ana e La Ravardière escolheu para sede da colônia o promontório, na península entre os rios Itapicuru e Mearim, a que se estendeu o nome de Maranhão. Aí fundaram a sua primeira casa no Brasil os capuchinhos (a quem a rainha encomendara a catequese dos selvagens) - padres Yves d'Evreux, Arsenio de Paris, Ambrosio d'Amiens e, superior, Claudio d'Abbeville - que davam à conquista a indispensável chancela espiritual.(1) Nota do Autor