História do Brasil T2: A formação, 1941

A EPIDEMIA GRANDE

A "bicha" era a febre-amarela. Trouxera-a da ilha de S. Tomé para Recife um brigue negreiro. Abertas duas barricas com carnes salgadas logo morreram, como se vitimados pelo ar empestado, dous marítimos; e o mal se espalhou pelo porto, pela vila de Olinda e seus arredores, sem haver medicina que o atalhasse. Verificou-se na Bahia o primeiro caso da doença em abril. A sordície dos sobrados cujos porões andavam cheios de escravos d'África, o calor, as ruas sujas, a falta de higiene, agravada pelo número crescente de negros mercadejados nos bairros da praia, favoreceram a expansão da epidemia, "novo gênero de peste, nunca visto nem entendido dos médicos, de que já morreram dous", como participou Vieira ao conde de Castenheira em primeiro de julho de 86. Feria de preferência os brancos, os menos adaptados ao clima. Dias houve em que morreram na cidade duzentas pessoas. Seis desembargadores (entre estes João de Góes e Palma, os amigos do "Braço de prata"), a elite da milícia, doze jesuítas, tombaram quase simultaneamente, e "chegaram as ruas a estar despovoadas não só morrendo de vinte até trinta todos os dias, mas não havendo casa em que não houvesse muitos enfermos e em algumas todos..." "Não tem sido menor a caridade e liberalidade, principalmente do sr. Marquês das Minas, a quem Deus tem pago de contado, preservando do mal assim a sua pessoa como a do conde seu filho"(1) Nota do Autor. Dera a um boticário autorização para fornecer à pobreza os remédios que tivesse. Uma rica senhora, D. Francisca de Sande (viúva do mestre de campo Nicolau Aranha Pacheco)(2) Nota do Autor transformara a sua

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