História do Brasil T2: A formação, 1941

de movimentos duma raça jovem e vigorosa que se adestra na luta com o estrangeiro para em seguida vencer a terra. É também o século das repulsas à mão armada: de franceses no Maranhão, dos holandeses na Bahia e no nordeste, vinte anos... As armas ratificam o direito, onde ele preexistia: e o Brasil não se desagregou. Mas criam outros direitos: onde o uti possidetis anulava a linha convencional, divisória, que nunca valeu no terreno, senão nos mapas e nos debates jurídicos... Prosperam e crescem as cidades recentes. O comércio anima-se e floresce. À saturação do açúcar se segue o surto de novas lavouras; mas a pesquisa das minas - sonho velho e persistente, por isso fecundo não deixa em paz governos, pioneiros, gerações. A terra ganha e aumenta com isto: pois atrás de sua miragem os cabos das "bandeiras" descobridoras, mesmo descobrindo apenas sertão, vislumbram paisagens magníficas, regiões ricas, os caminhos do povoamento efetivo. O vale do S. Francisco polariza no nordeste essas incursões ambiciosas; o planalto paulista é a sua zona de dispersão; pela própria costa, à notícia de ouro em Paranaguá, avançam rapidamente. Afinal as profecias se confirmaram: e de Taubaté e Guaratinguetá os primeiros "mineiros" se lançaram para as montanhas centrais.

Formara-se o Brasil na sua vasta estrutura continental e homogênea como um organismo gigante. A flama da consciência com a definição de uma inteligência autônoma, de uma alma própria, de uma força inconfundível e nacional - seriam a surpresa e a revelação de sua vida no século XVIII.

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